Eco

O som das coisas as vezes fere a brisa e também o ego. A música leve traspassa estas léguas de pensamento que envolve um frio. Mas volta e meia volta e acelera um não sei o quê. E a criação recria outro abismo rebelde e fácil. O que se quer? Paixão ou volúpia? Satisfação ou lágrima? Não se sabe se seguir ou ficar é o abismo . Sabe-se que dói a falta do frio e do calor. Mas ambos refletem um mundo espelhado na friagem de saber que existir basta. E o trem da vida passou e lá no fundo da estação árvores balançam com a brisa dos teus pensamentos ferindo os galhos e as flores que foram deixadas para trás. E na frente a fumaça embaça o futuro. E esse futuro vislumbra um amanhã amanhecido e falido em busca de tudo que não deveria existir ou existiria.

É conveniente gritar? É conveniente esperar o dia amanhecer?

Lugares e segredos

Houve um tempo que os livros ficavam na sala, em cima do sofá ou no chão mesmo e todo mundo que chegava os via exibidos e orgulhosos a cumprimentarem as visitas que não tavam nem aí pra eles.

Houve um tempo que outros e mais aqueles livros se aboletavam no quarto, em cima das camas, na penteadeira, no armário de sapatos e roupas, todos eram como gatos manhosos querendo atenção. E tinham.

Houve outro tempo que aqueles livros, mais aqueles e mais alguns outros foram parar num quarto. Quarto? Onde havia um fogão abandonado. E esses atrevidos se instalaram em cima dele.Dele quem?Do fogão. Fazendo o quê? Eram vida e alimento? Não. Não tinha espaço mesmo pra eles.

Ultimamente se instalaram no banheiro. Quem? Os livros escolhidos.Fazendo o quê?

Eles tem passe livre em toda a casa. Tomaram conta. Querem chamar atenção.
e se alguém quer guardar um segredo esconda-o dentro de alguns deles.