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Atraso

Tava pensando no atraso. Ele faz bem porque pode  evitar um acaso sem culpa. Pode celebrar a vida no paraíso ou evitar a causa do falecido....

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Receita

É comum páginas reviradas. É comum pesquisar o tempo. E por que tanta pesquisa? O quê? Que confuso pesquisar! O que quer encontrar? Palavras soltas, livres do que pensar. O pensar te incomoda? Sempre. Porque o pensar está preso no tempo que invade o futuro. O futuro existe? Não. Ele existirá, se o presente deixar. E o "se" toma conta do presente invalidando uma espera.Você sabe que o futuro pode vir ou não. Pensar...pensar. Palavras, vocabulário móvel. Palavras fotografias da alma. Elas fazem parte de gritos e sussurros . Estatísticas e gráficos visualizam palavras pesquisadas em detalhes como receitas de um bolo. E esta receita do tempo
vive em cada pesquisador. São raros os que não provam do bolo de palavras
que misturadas se transformam em modo de vida. Filosófico? Nada. Só um modo de passar o tempo, revirar a pesquisa.

Nada há de encontrar. Nem o incômodo de seguir regras, nem o acordar todo dia e comer o amargo da vida. E a prisão das mesmas palavras repetidas. E muito menos a coleta seletiva do lixo. Só resta o jornal amassado colorido por pincéis mesclados de várias tintas. E a árvore pode ser azul? Depende do que sente o artista.

Vem a vontade de pintar tudo sem receita. A árvore de vermelho, o céu de verde e o mar de roxo. Nova receita, trazer o futuro pro presente e passear no passado no futuro.

Colher. É uma palavra bonita. Colher de colheita. Colher também é outra palavra boa. Colher, utensílio. Todas as duas colhem. Uma colhe o que se planta, seja qual mão. A outra recolhe o que provavelmente alimenta. Bobagem. Palavras, só isto. Por que sempre tem que se complicar? É porque a vida é tão simples.

Pesquisar o quê? Palavras, cores, artista. Confusão faz parte para temperar a vida que de tão simples é tão complicada.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Viço

Com o tempo as coisas ficam desbotadas. Como o papel de seda das bandeirolas de festa junina, como os retratos amarelecidos. Nas pessoas os olhos e a pele perdem o brilho, nas flores as pétalas descolorem. E no coração da humanidade é perdido os valores. Aquelas ideias e ideais desaparecem com o viço. E não há mais o frio nem o quente das inquietações, somente o morno e insosso do acomodo. Palavras não surpreendem, ações não são esperadas e a surpresa de uma chegada adormece num dia de pleno sol. Lágrimas também secaram o ardor de dias tristes ou alegres. O nada causa tranquilidade mas o tudo não se disolve por estar em estado brutalizado. As mãos não comandam ou não são comandadas pelo ardor de grandes ideias. O olhar é tímido para uma parede pintada de branco, não alcança um horizonte colorido.

Com o tempo tão desumano, tão carrasco mas tão necessário surgem novas vidas. Esfacelam outras. É a lei do tempo predador numa cadeia de novas vidas. Na natureza ,um círculo irrevogável. No tempo, ele mesmo o próprio círculo onde se foi num eterno reinício.

No retrato já não se reconhece. Reinicio.

domingo, 12 de junho de 2011

Reciclar a vida

Ele. Quem? Um personagem entupido em lixo. Não o lixo orgânico. Fedido. Mas o lixo reciclável. Ele emerge devagar. Quer existir. Sabe que só existirá
se ela quiser reciclar. Coisa confusa, não? É, muito confusa. Mas ela adora coisas confusas. Parece ter mais charme. Coisas confusas.

Ele. Rosto duro, corpo frágil e uma vida perfeita. Mulher elegante, duas filhas bem sucedidas, uma mulher perfeita. Quarentona charmosa, discreta. Batom cor de boca, sorriso claro, fala regrada. Personagem antigo ele. Admirável intelectual, exigências escolhas. Vira, volta com frequência. Povoa o mundo dela . E quando a noite ela voa, ele a derruba pra realidade
que a faz esconder debaixo de uma cama em noite escura. Mas nesse voar o rosto dele acalma.Ele fica calmo? Não, ela. De repente ela o vê tomar as suas mãos e caminhar. Mas acorda. Ela ou ele? Ela. Ele nunca dormiu, tem sempre os olhos cravados na sua família perfeita, na sua vida arrumada, na sua voz coerente. Ele é tão sensato, que nem em rede social da internet está presente. Não sai pras festas de família. E diz que se sua mulher engordar, larga dela .Perfeita assim, só boneca inflável.O que ela faz? Quem? A mulher dele? Não. A que recicla. Pensa, que não faz diferença pra ele porque perfeição para quem recicla não pode existir.

Ele! Sabe, ela é supersticiosa. Segundo ela, ele é sua alma gêmea. Veja só que ridícula. Bom, mas ela acredita que já viveram noutras vidas, mesmo sendo tão diferentes. Insensata. Acredita mesmo nisso? Talvez. Porque quando pensa nele sobe um calor morninho. No coração. Nada no corpo. Pensa nisso as vezes. Não, atração de almas. Talvez porque o proibido constrange.

A vida dela é todo o avesso. Tudo comum. Seguro. Imperfeita. Ela gosta desta palavra. Este negócio de tudo perfeitinho é entediante. Talvez seja por isto que o destino traçou planos avessos pra ela porque quando a vida é perfeita é sinal de fim de batalha. E a vida não é uma luta constante? Parou a luta...Morreu? Bobagem. Filosofia medíocre. Ninguém morre também recicla.

Ele. Personagem. Real? Fictício. Tanto faz. Na vida nada é real. Inventamos
a vida. Ela faz isto muito bem. Dramas que se transformam em comédias e o contrário também. Isto faz a vida ter sentido.

Mas este personagem existe mesmo? Ela sabe... Reciclar é sua especialidade. Reciclar a vida. Reaproveitar. Replantar o que não serve. E colher. Coisa boa? Coisa ruim? Depende do momento. Ela acha que é sábia. Palavra antiga. Deve ser reciclada também. Não tem um filósofo que dizia que nada se acaba mas tudo se transforma? Não exatamente com estas mesmas palavras. Então, venha personagem. Reciclado você volta a existir. O mesmo? Não se sabe.Sabe. Ela sabe.

Sem gosto

Dolorida homenagem
sons de violão
solos graves

Voz, coro suave
vida poliglota



Onde estava?



Rosto, voz
dueto.

Ansiedade,
lamento, jardim
borboleta solitária

Ninguém

Saudade, vontade
de vida

Necessidade
solidão

olhos marejados
de vida

Ninguém

Sem ninguém

volta
luar

braços vazios

Tristeza
vida
amor

Palavras sem gosto.

sábado, 4 de junho de 2011

Sacola de ideologias

Por que será que tem que se ter opinião sobre tudo?
Na sacola tem que ter de tudo. Desde opinião sobre aborto, violência, palavra da moda.

Não pode. Sua reputação tem fome de sacola cheia de novidades. Quando fica quieta, num canto e cansada destas notícias, você é alienada, vazia. Sem noção. É a frase. E os intelectuais se reunem num apocalíptico bla bla bla.
Ação? Nada. Não pode ser neutro. Você vive onde? Perguntam-lhe num tom de deboche.

Vamos à mídia comprar opinião.