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Atraso

Tava pensando no atraso. Ele faz bem porque pode  evitar um acaso sem culpa. Pode celebrar a vida no paraíso ou evitar a causa do falecido....

sábado, 29 de dezembro de 2012

A diferença

Fim. Começo. Mais uma antítese feita de vida, morte. E no dia que termina o ano começa outro em seguida. E mesmo assim a vida toma frente mesmo que falte um leve fio. E a isto chame: esperança. E quando este fio se rompe, desanda o medo. Medo de não existir. Medo de evaporar, medo de não ser. Ser humano, ser perfeito. Perfeição que envolve ser a melhor mãe do ano, a melhor esposa, a melhor profissional.  Medo de não ter. Ter o melhor carro, a melhor casa, a melhor TV, o melhor filho, o melhor dia.

Começo. Fim. Começo de uma leitura , o fim de um relaciomamento. Uma nova dieta, num velho visual. Mas também cobra-se saúde, parar de fumar, beber e comer aquele bombom. O espelho cobra uniformidade de formas, medidas precisas. Melhor o mínimo. Quanta cobrança, quanta bobagem visto que o fim sempre chega. Chega o fim até para a morte.  E tudo que há é fila. Nessa hora ninguém quer ser o primeiro para o abatedor. Caminhemos.

Aquele que foi o melhor pai, o melhor profissional, o melhor filho viveu mas caminha também. O que teve a melhor casa , o melhor carro, a melhor TV o melhor filho, o melhor dia está na fila porque o fim sempre chega.

O que fazer? Simplesmente caminhe . Viva um dia a cada dia. Faça o que de humano poderia fazer. Humano no bom sentido. Aquele que tem defeito, mas princípios, ética, sabedoria, solidariedade e respeito aos seres vivos. Deixe de mão o ter, o parecer , a perfeição nos moldes convencionados. Seja diferente dessa baboseira de querer ser o melhor. Isso é uma forma de competição desmotivadora. Somos diferentes. E isto é o que nos faz existir. 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O nada está perdido

Vira e mexe tento escrever. Mas os dias estão menores. Queria falar de dias comuns, relatar leituras, impressões, opiniões. Mas o que penso já foi dito porque  o que penso vem do que leio e aprecio ou  traz repugnância. Duas palavras antônimas como quase tudo ou nada que é a vida. Choro por saber que os antônimos se atraem. E enquanto uns choram outros ...Outros nascem, outros... Mesmo assim muita coisa acontece sem previsões antônimas. Por exemplo?

Ler um bom livro,  inspirar em outros , mover os dedos no teclado e tentar escrever algo que não foi escrito. É possível? Parece que não mas vamos lá. Nestas férias li dois livros  inspirados em outras leituras de jornais, indicação de amigos, na net. Um policial, um de crônicas e o outro pra falar a verdade estou esperando desocupar( alguém em casa tá seguindo meus passos e atravessou na minha frente). Gosto de ler livros usados. Garimpo sebos pela internet e adoro esperar o correio entregar. Depois também pelo cheiro que eles têm. Cheiro de livro usado é gostoso. A gente imagina a pessoa que o leu. Também deixemos de romantismo é também pelo preço.

Destes dois livros o que mais gostei foi "Doidas e Santas" de Martha Medeiros. São crônicas escritas por ela  para um jornal famoso. Cem crônicas curtas, algumas com muito humor, outras parecendo resenhas de livros ou cinemas.  Muito boas, as que falam das coisas simples do dia    mas que mesmo tratando de coisas simples fazem pensar diferente. Nos deixam perplexos porque parece que foi a gente que escreveu. Cheguei a pensar que tinham roubado minha ideia pela tamanha afinidade que os textos têm com meu modo de ver a vida.

Vira e mexe tento escrever e em breve comentarei sobre algumas crônicas do livro "Doidas e Santas" porque tendo tentado dizer algo sempre há o novo. Me disseram que não poderia usar a palavra "sempre", porque é definitiva e quase nada é definitivo. Mas a palavra "nada" também é definitivo e tudo não deve ser nada. Entenderam? Nem eu. Tudo, nada, todos  ...

Mas que cheiro de livro usado é gostoso. Isso é.

E o Beija-flor...




Olho a nuvem na janela
É ela?
Bem-te-vi é o som
Vozes atrevidas detrás
do muro

Entardecer no jardim
E beija-flor no limoeiro
procurando um poleiro?
Coração nublado
presságio da segunda
Cadê o beija-flor?

Interrogação no trovão
Que trovão?

E o computador dialoga
com o teclado

Sons e cores
paladar e tato

juntos telecineticamente
movendo o passar do dia
Como guiné
intoxicando
a língua
despertando o olfato
sinestesicamente

Cadê o beija-flor?