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Atraso

Tava pensando no atraso. Ele faz bem porque pode  evitar um acaso sem culpa. Pode celebrar a vida no paraíso ou evitar a causa do falecido....

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Respirar é real

Abriu os olhos. Olhou em volta. Fechou. Abriu de novo. Ano novo? Sentiu fome de uma caneta. Sua alma ansiava comer. Comer ao contrário. Em vez de engolir, expelir. Expelir ideias, pensamentos. Assim sentiria a vida. Um pontinho invisível no universo, na Terra, na América do Sul, no Brasil, em Goiás, Goiânia, Setor..., Rua..., número...

Pensou em assumir uma personagem. Qual? Homem? Mulher? Criança? Animal? Queria ser tudo ao mesmo tempo.

Olhou o tempo. Percebeu que o tempo faz a diferença na escolha da personagem. Ser mulher? Depende do tempo porque o tempo é inimigo de sua principal aliada: a vaidade. E, sabedoria nenhuma se revela antes do tempo.

Ver a vida na visão da criança é não pensar no tempo nem no que resta dele. Ver a vida pensando no tempo faz as coisas parecerem se acabar como sorvete no vento.

Ver a vida na visão de um homem é calcular passos, perder o rumo e saltar no escuro feito gato a procura de aventura

O animal não vê a vida. Ele vive, come, não pensa, sacia. Se assemelha muito a um homem.

O personagem é real, é humano. Homem, mulher, criança. Dentro dele vê mais um ano se esvair. Está, no último dia do ano, pasmo. Fogos, comida, planos, rituais e também medo, esperança. Para a criança, festa, muitos anos. Para um adulto em especial: fome ao contrário.

Vem a escolha e a simplicidade camufla uma vontade de retroceder no tempo porque o fim da estrada está perto. Falta pouco e pouco foi feito no caminho percorrido.

Não tem volta. Se, nesse caminho de pés no chão, tivesse sido construído asas, voar seria bem-vindo. Que ilusão!

Então, a única coisa real: respirar é o que importa.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O mistério da garota do parquinho

Duas crianças caminhavam na pracinha. A pracinha estava deserta. Todos estavam em casa comemorando o natal. Uma delas, a menina chamada Aline, que estava caminhando distraidamente
viu uma sombra de uma garota deitada no chão ao lado de uma sorveteria abandonada. Era vinte horas e cinquenta minutos. Tava já escuro.Aline contou para Thiago,seu companheiro ,o que ela viu. Ele não acreditou e falou que era só impressão dela. Aline disse que não voltaria mais lá porque algo dizia para não voltar. Thiago respondeu que ia passar no local do acontecido correndo para ver se via também. Aline disse para não ir porque ela estava com arrepios. Ele disse então para irem ao parque na pracinha. Eles foram. Thiago ficou no balanço e Aline ficou sentada no banco esperando ele balançar para irem embora. E de repente Thiago olhou para trás e viu a mesma garota deitada de lado, encolhidinha, com as mãos em forma de travesseiro. Uma das mãos da garota levantou-se lentamente apontando para Thiago e acenou chamando bem devagar como um vulto ou uma sombra. Thiago e Aline sabiam que era uma menina por causa do formato dos cabelos ondulados da sombra. Ele não deu importância e voltou a balançar. De repente olha pra trás e vê a garota levantada andando em sua direção. Continuou a balançar sem se importar. Balançou mais um pouco. Olhou pra trás novamente e viu a garota cada vez mais próximo. Aí ele se assustou. Fechou os olhos e abriu. Viu a garota em pé, parada. Ela foi se desmanchando feito fumaça e seus cabelos esparramando pelo ar.
Thiago avisou Aline para não ficar ali e saiu correndo. Aline foi logo atrás. Chegando na esquina da praça ele viu no estacionamento de tratores
uma sombra de um homem dentro do trator como a dar partida. Thiago não contou sobre o homem do trator para Aline. Aline viu mais na frente uma casa e na área viu um vulto.
Chegaram em casa contaram para um adulto, que ficou na dúvida.
Verdade ou imaginação?
Segundo os narradores é verdade. E você, acredita?

(Esta história é verídica. Narrada por duas crianças)

Sei lá

Nao,
o CHORO não desabrochou

Plantaram SEMENTINHA
deixaram de AGUAR

Era pra DESABROCHAR!

Não,
O CACTO vindo desse
teu SER contribuiu
para dele GUARDAR

a ÁGUA do meu
OLHAR

E em TERRA ressequida
é bom economizar ÁGUA
para uma EMERGÊNCIA maior

Não,
Não se espera DESERTO
extrair LÁGRIMAS!

Não,
Não se espera do deserto
FLOR!

Não,
Não se espera do deserto
VIDA!

Não,
ESPERA-SE?

Claro!
Há vida HUMANA?

domingo, 13 de dezembro de 2009

E a chuva passa

Em dias de chuva é uma corre-corre. Corre pra se esconder, corre para não desandar. Corre para não se molhar. Corre da chuva que virá. E lá vem o céu escurecer, nuvem se movimentar. E, enfim cai e a enxurrada corre, norteada para o rio e o mar. É hora do pobre se preocupar e correr para não se soterrar nos escombros de terra deslizada sobre os barracos frágeis alicerçados em alguma área irregular. A menina se preocupa com a chapinha no cabelo e o menino joga bola na chuva. A lavadeira recolhe a roupa no varal e o cãozinho de rua que driblou a carrocinha corre procurando abrigo. Os pássaros se empoleiram no abacateiro.

Em dias de chuva vem a preguiça e o sono, vem o barulhinho da goteira, o som do trovão e o pisca-pisca do relâmpago. Dá um medo! Mas é só barulho. A mãe fantasia para o filho: Deus tá lavando o céu. E o barulho? Pergunta o filho desconfiado. É que Deus arrasta os móveis. E as luzes? ...! Ela não sabe, muda de assunto. Calce o sapato, menino! Cuidado com o raio. Tampe os espelhos! Por quê? Sei lá, vovó ensinou.

E a chuva passa. Tão rápido. Foi só uma chuva mas a natureza agradece e o arrozal cresce, a terra ressecada floresce de florzinhas no cerrado, e a vida continua. A chuva passa e a vida continua.

Assim são as coisas boas e ruins. É preciso esperar. O corre-corre, os desconfortos podem trazer vida nova. Boa? Ruím? Depende do que semeou. Mas ás vezes a chuva vem e causa catástrofe(será que foi a chuva?).Quase sempre trás vida nova. As pessoas é que desviam o natural objetivo das coisas.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Olhos

Olhos
o tempo

incolor

unhas
afiadas

olhos


dedos

vazio

olhos
vazios
frios

Alma

aura
sem cor

tem
cor

de chuva
invernada

olhos
insípidos

olhos
incolores

como a água
que se
forma da
lágrima

molha
desfolha

brota
a erva
indesejada
na colheita

olhos!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Palavras e borboletas

Palavras
arco como
borboletas

na minha
cabeça

todas
querem entrar

Deixam baratinada
queria todas elas
pra mim

Meu tempo é
curto
como o das
borboletas

Muita é a vontade
de abraçá-las

São palavras
coloridas
desgovernadas
querendo equilíbrio

Aprisioná-las
é soltá-las
para que sejam vistas

Palavras EXIBIDAS
gostam de ser lidas

Calma, palavras!
tem lugar pra todas

mas sempre tem
as atrevidas
PREFERIDAS

É o ÓVULO atraindo
vida

Só uma será
captada
GERADA

Vai nascer um

POEMA