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Atraso

Tava pensando no atraso. Ele faz bem porque pode  evitar um acaso sem culpa. Pode celebrar a vida no paraíso ou evitar a causa do falecido....

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Janela de cada um

Todos os dias levanto e ao pisar o chão relembro cenas de dias que  era feliz e não sabia. E de dias que  era infeliz e sabia.

 Lembro do dia que perdi minha mãe e meu pai saiu desesperado correndo pelos vizinhos pedindo socorro. Meu irmão sem entender nada brincava com seu carrinho sem rodas. Nossa casa(não era nossa) com poucos móveis de chão batido. Meu pai tava contando dinheiro para cercar um pedaço de terreno para construirmos nossa casa. Minha mãe não teve tempo de ver o cercado. De pés no chão ela ainda serviu o último copo com água retirado da cisterna em corda e carretilha ao meu pai. A roupa na bacia, último enxague. O varal aguardava. Mesmo assim eu era feliz. Tinha minha família.

 Depois disso  meu irmão e eu fomos separados. Fui morar com meus avós. Lindos. Tudo de honesto, sábio, simples e limpo tentaram passar pra mim. Meu irmão? Aos oito anos perdeu pai, mãe e o convívio com a irmã. Foi morar com seu padrinho recém casado. Não foi brisa.

Meu irmão era muito rebelde não se adaptou. Cresceu estranho. Tímido, magoado, ranzinza. Egoísta. Não teve bons relacionamentos familiares por conta do temperamento seco.

 Descobri que nunca senti felicidade, embora ela estava presente em vários momentos. Quando passei no vestibular pela  primeira vez. Quando casei. Quando minhas filhas vieram para meu convívio. Quando ganhei meu primeiro neto. Quando vi felicidade aparecer nos olhos da minha filha do meio que ganhou auto-estima. Quando elas dizem ou escrevem que me amam no dia do meu aniversário. Muitos outros momentos não lembrados.

 Mas tem sempre uma nuvem  quando alguém consegue algo que não consegui. ´É uma sensação de incompetência.  Dá uma vergonha por sentir isto. Não é inveja, posto que não quero o que seja dela, mas uma frustração. Uma dor por ter lutado tanto, tanto quanto. Até mais. Oportunidade. Sorte. Não sei.


 Mas isto me faz lembrar uma crônica de Martha Medeiros em que ela conta que seu pai e ela estavam viajando de carro. Ele era o motorista, ela o carona. Passaram em uma ponte e o pai  comentou que o rio tava muito sujo. Mas do lado dela via um rio limpo.Achava que o pai via tudo diferente dela. Eles não se davam muito bem. Ela não viu o lado do pai . O criticou achando que eles realmente não tinham a mesma visão do mundo. Um dia, o pai  já havia morrido, ela passou naquela mesma ponte e  era a motorista . O rio daquele lado tava mesmo sujo.

Percebe-se que a  visão das coisas depende muito do caminho percorrido,das ações , da paisagem e do lado   que está. Assim enxerga  o mundo diferente.

 Por isto nada é questão de sorte e sim de oportunidades. E de visão.

 Mas cada um tem a sua janela.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Breve

O dia.
 A noite.
 Tão diferentes.

 Se completam.

 Não se encontram
se bastam.

 Um é
 movimento,
 outro inércia.

 E cansados
 dialogam,

 respiram
 um som suave.


 Sons,

O  silêncio.

 extrai
 sons
 da noite


 vigia
 o dia.
 a noite espia

 Não se tocam

 Um momento
 chegará
 sem pressa

 um ponto
 de luz solar
 invade
 a noite.


 Os dois juntos
 não acontece .

 Um apaga
 o outro .

 Separados
 completam
 o vazio
do universo.



 Pode ser
  que um ponto
 de escuridão
 já exista
 no dia.


 Em breve
 se tornará
 treva.

 O universo
 não existe
 sem luz .

 A escuridão
 é maior
 que a treva.


 Treva
 é ausência
 de luz.

 Escuridão
 é o apagar


Breve!