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Atraso

Tava pensando no atraso. Ele faz bem porque pode  evitar um acaso sem culpa. Pode celebrar a vida no paraíso ou evitar a causa do falecido....

domingo, 12 de junho de 2011

Reciclar a vida

Ele. Quem? Um personagem entupido em lixo. Não o lixo orgânico. Fedido. Mas o lixo reciclável. Ele emerge devagar. Quer existir. Sabe que só existirá
se ela quiser reciclar. Coisa confusa, não? É, muito confusa. Mas ela adora coisas confusas. Parece ter mais charme. Coisas confusas.

Ele. Rosto duro, corpo frágil e uma vida perfeita. Mulher elegante, duas filhas bem sucedidas, uma mulher perfeita. Quarentona charmosa, discreta. Batom cor de boca, sorriso claro, fala regrada. Personagem antigo ele. Admirável intelectual, exigências escolhas. Vira, volta com frequência. Povoa o mundo dela . E quando a noite ela voa, ele a derruba pra realidade
que a faz esconder debaixo de uma cama em noite escura. Mas nesse voar o rosto dele acalma.Ele fica calmo? Não, ela. De repente ela o vê tomar as suas mãos e caminhar. Mas acorda. Ela ou ele? Ela. Ele nunca dormiu, tem sempre os olhos cravados na sua família perfeita, na sua vida arrumada, na sua voz coerente. Ele é tão sensato, que nem em rede social da internet está presente. Não sai pras festas de família. E diz que se sua mulher engordar, larga dela .Perfeita assim, só boneca inflável.O que ela faz? Quem? A mulher dele? Não. A que recicla. Pensa, que não faz diferença pra ele porque perfeição para quem recicla não pode existir.

Ele! Sabe, ela é supersticiosa. Segundo ela, ele é sua alma gêmea. Veja só que ridícula. Bom, mas ela acredita que já viveram noutras vidas, mesmo sendo tão diferentes. Insensata. Acredita mesmo nisso? Talvez. Porque quando pensa nele sobe um calor morninho. No coração. Nada no corpo. Pensa nisso as vezes. Não, atração de almas. Talvez porque o proibido constrange.

A vida dela é todo o avesso. Tudo comum. Seguro. Imperfeita. Ela gosta desta palavra. Este negócio de tudo perfeitinho é entediante. Talvez seja por isto que o destino traçou planos avessos pra ela porque quando a vida é perfeita é sinal de fim de batalha. E a vida não é uma luta constante? Parou a luta...Morreu? Bobagem. Filosofia medíocre. Ninguém morre também recicla.

Ele. Personagem. Real? Fictício. Tanto faz. Na vida nada é real. Inventamos
a vida. Ela faz isto muito bem. Dramas que se transformam em comédias e o contrário também. Isto faz a vida ter sentido.

Mas este personagem existe mesmo? Ela sabe... Reciclar é sua especialidade. Reciclar a vida. Reaproveitar. Replantar o que não serve. E colher. Coisa boa? Coisa ruim? Depende do momento. Ela acha que é sábia. Palavra antiga. Deve ser reciclada também. Não tem um filósofo que dizia que nada se acaba mas tudo se transforma? Não exatamente com estas mesmas palavras. Então, venha personagem. Reciclado você volta a existir. O mesmo? Não se sabe.Sabe. Ela sabe.

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