Esses dias ela tava no pc, fuçando, numa contrariedade danada. Numa insatisfação, se sentindo só. Começou a chorar porque tinha desconectado um novo mundo que tava surgindo. Conheceu uma pessoa que não conhecia. Ela anda chorando sem saber por quê e se odeia por isto.
Lembrou-se de sua amiga de longas datas. Mandou uma mensagem offline pedindo socorro!. Ela respondeu entre outras coisas que não tinha tempo nem disposição para conversas na internet.
Percebeu, então, que seu tempo era ocioso, vivia quase sempre na internet procurando alguém pra conversar porque o mundo real andava sem tempo. O trabalho em primeiro lugar. É preciso manter o padrão do ter.
Esses dias conseguiu encontrar esta dita amiga online. Ela não gosta mesmo de internet prefere o telefone porque pode carregá-lo no ouvido enquanto cozinha, lava roupa, fala com o marido faz o imposto de renda, conta o dinheiro pra feira, lava o banheiro, transa com o marido , faz regime e entre outras coisas dirige um grande hospital com problemas de dinheiro. Então, como dizem os indianos, o resto é poeira. Aquela amiga com problemas é poeira. Não tem importância nem é bom chegar perto.
A outra perdeu-se lá onde as idéias eram vida, morreu. Não tem mais tempo.
Despediram-se. A amiga pegou o telefone da poeira, prometeu ligar para marcar um chopp no shopping, mas não vai ligar. Perdeu o telefone pela quarta vez que a poeira ligou em quatro anos atrás e quinze que não se vêem.
Este cotidiano insatisfeito matou e enterrou a velha amiga que a transformou em fôrma e formas de ganhar a vida .
Né dona Constantina?( Esta é a personagem criada pela poeira para conversar de vez e sempre quando todos estão ocupados).
Boa ouvinte. Só a poeira a ouve e fala alto. Dizem os de casa que ela é louca. A poeira ou dona Constantina?
Nenhum comentário:
Postar um comentário