As cores da vida

Lara tinha vontade de fazer o que gostasse. Coisas consideradas estranhas como pintar as paredes da casa diferente. Original, a sua cara. Achava aquelas cores de paredes muito parecidas, como uniformes. E as cores então? Gelo, bege,. Bege com gelo e gelo com bege.

Queria desenhar flores, joaninhas, borboletas, pássaros, onça, cobra de olhinhos redondos, caracol, nuvens, céu azul e arco-íris. Não precisava ser na ordem nem em forma de paisagem. Queria tudo fora de ordem. As nuvens no chão, o caracol no céu, a cobra no arco-íris, a borboleta na onça , a onça em cima da flor e o resto tanto faz. Talvez quem sabe a casa toda com papel de parede parecido papel de presente. Poderia ser também como nas pinturas das paredes de escola de jardim de infância.

Mas sempre havia uma crítica "Que ridículo". Dessa forma, Lara que se preocupava com a opinião alheia ia copiando os beges, gelos, a ordem.

Lara queria também sabe o quê? Plantar flores na janela em uma jardineira. E ela plantou? Adivinhe! Queria plantar árvores perfumadas mas o quintal era todo cimentado. Um dia o cachorro cavucou o cimentado e abriu um buraco que dava pra plantar rosa. Lara aproveitou?

Lara também vivia dizendo que não podia matar cobras, pois elas só se defendiam e se deixasse ia embora sem agredir, mas sempre gritava quando via uma e a coitada era assassinada por um vizinho qualquer.Que incoerência com suas convicções!

Dessa forma, as paredes continuavam beges, o carro, aquele que sonhara amarelo, bege. As coisas em ordem como a sua vida. As cobras não poderiam cruzar seu caminho, a janela continuava sem jardineira, o buraco que o cachorro fez estava cheio de ossos escondidos. Os planos adiados. Até os três livros que estava lendo, abandonados.E a vida? Não espera ninguém. Não é colorida sempre. E não me venha com a frase feita:"A vida tem a cor que você pinta!" Nem sabe onde leu isto. O difícil é conseguir as tintas.