Estão chamando. O sono pesa como âncora. A cama é o alvo. Quem chama? Uma coisa. Quer caneta. Quer papel. Abre-se gaveta. No meio da noite. Madrugada. Pode ser algo que receba tinta.
Alívio. De repente caneta aparece. Tem querer. Vida própria. Surge palavras. Pinceladas de tinta. Palavras vêm. Dançam, empurram, enfileiram-se. Desorganizam. Organizam. Pronto. O dono das mãos que seguram os instrumentos não acredita que foi o autor da ordem. Percebe. As palavras têm realmente vida própria. Mandam numa ordem só delas.
O dono das mãos. Psicógrafo? Palavras, estado perfeito e imperfeito da alma. Palavras brotam sedentas, arquejantes, ofegantes de ar. Puro.
E o sono? Já não está acordado o dono das mãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário