No salutar labutar mais um dia que cheira a detergente e água sanitária. Também cheira a perfume infantil. Se envolve nesta mistura de aromas, o cheiro de alho e cebola. Cheiros comuns de dias comuns mas que alimentam. Também inquietam sons do começo do dia como os dos pássaros na mangueira saldando a luz que desponta. É uma algazarra só. Incomoda, acorda.
E os sons vão chegando diferenciados e por fim misturados formando o dia.
O odor do café fresco e os sons se misturam em cores e ansiedade.
Vai começar a dança e trabalho das letras como moléculas aquecidas.
É o dia.
Mas pessoas tentam sair dessa rotina. Tudo poderia acontecer se não fosse o frio. Paisagens e acampamentos, noites mal dormidas.
E, na barraca, de dia, dormem. Pessoas cansadas da rotina.
Numa suposta área preservada mas com piscina e camping desmatado,estas pessoas pensam que respiram tentando se entrelaçar à natureza.
No café produtos urbanos. No almoço enlatados e frutas intoxicadas. Verduras temperadas com saquinhos com marcas japonesas.Piscinas cloradas misturadas a amônia.
Vão embora, deixam nos lugares cheiros de sabonete, bronzeadores, protetores solares, tocos de cigarros, latinhas de cerveja, sardinhas, salsichas. Enfim, deixam resíduos urbanos.
E, mesmo tentando, nunca esta rotina é descartada. A vida é indústria. E invade o mato. Músicas enganam, suavizam a origem de tudo.
O frio despede o ânimo e movem folhas enfumaçadas que caem e se juntam com restos de indústria e formam palavras soltas, sem coesão e coerência do objetivo: fuga.
Não há como fugir da incivilizada civilização.
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