Hoje o vento sobrevoou os telhados mornos do sobrado. A tarde anunciava lembranças suaves e as vezes quentes de um dia que acabava. Dava lugar à noite fria e silenciosa de telhados molhados e iluminados por nesgas de luar.
Nos olhos de alguém pesa a vinda do sono. Esses olhos teimam em ficarem abertos para que o dia não acabe.
Prolongar o dia sem a presença do dormir retarda outro dia.
Nesse dia saiu a poeira dos cabelos lavados e o suor de letras mofadas. Levanta-se o alfabeto compondo a vida num jogo infinito de possibilidades.
Árvores, objetos, pessoas e outros seres animados ou não, histórias de todos os tipos nascem das letras como o homem do barro e não se tem certeza de nada do mistério da criação.
Letras, sílabas, sons, palavras, frases, texto, livro...universo, sons silêncio revoltam-se ressentidos pela insensata sabedoria que a tudo nomeia em atos e sujeitos, complementos escritos ou pronunciados.
E o universo silencia, se esvazia pela falta do pequeno átomo:letras. Cadê a vida? Onde está o vento? E a tarde? É noite? Que venha logo o dia.
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